Devaneios de RH

Acredito que a grande maioria dos que lêem este artigo já passou ou sabe de alguém que passou por uma situação muito comum nos tempos atuais: as mirabolantes técnicas criadas por profissionais de RH nas seleções de profissionais.

Há casos interessantes, a bem da verdade, mas outros tão mirabolantes que põe em risco a confiabilidade do processo seletivo. Certa vez um amigo participou de um processo seletivo onde ele deveria, perante outros candidatos, apresentar suas credenciais como se fosse uma bula de remédio. Em outro caso, um candidato tinha que fazer uma apresentação para seus futuros superiores, mas não tinha a menor idéia do assunto que seria tratado. Ainda exemplificando, numa situação mais inusitada o entrevistador colocava em dúvida todas as afirmações do Curriculum apresentado, com o intuito que o candidato apresentasse justificativas e confirmações dos dados.

Refletindo sobre estas exposições e outras tantas que tenho certeza muitos já passaram, podemos concluir: o objetivo poderia ser testar o grau de criatividade do candidato no primeiro caso. No segundo avaliar a capacidade de improvisação e conhecimento, e no terceiro a veracidade das informações. Essas poderiam ser as justificativas dos profissionais de RH. Mas tudo é mesmo necessário? Isso tudo garante que o profissional selecionado atenderá mesmo os requisitos da vaga? Ou será apenas uma forma de justificar os altos custos destas ações, que geralmente são terceirizadas?

É preciso mesmo expor os candidatos a situações que, em alguns casos, beiram o ridículo? Creio que não. Vamos pensar um pouco. No passado não tão remoto, as contratações eram feitas baseadas em avaliação curricular e experiência, não havia testes de caligrafia, de personalidade, de idoneidade que muitas vezes são mais decisivos que o conhecimento real. E todo esse festival criado garante que o selecionado atenderá cem por cento os requisitos iniciais? Garanto que não. Somente a convivência diária poderá dizer isso. Então para quê as empresas gastam tanto no processo seletivo, se no final cairão na vala comum da seleção?

Esse custo não poderia ser otimizado? Será mesmo necessário e viável terceirizar o processo seletivo? A resposta quase certamente será sim pois não quero desperdiçar meu tempo lendo Curriculuns e entrevistando pessoas. Certo! Mas terceirizar é a solução? Como uma pessoa que não sabe como sua empresa trabalha, não conhece o dia-a-dia, as políticas formais e informais, pode decidir se alguém se encaixa ou não neste perfil? (Leia também meu post sobre terceirização). Aos mais antigos pergunto: lembram-se como foi o processo seletivo de seu primeiro emprego, ou do emprego que você mais gostou? Porquê agora, que é você quem faz as contratações o processo precisa ser tão complexo?

Selecionar um profissional é, antes de tudo, selecionar uma PESSOA , e atrevo-me a escrever em maiúsculas para ressaltar que antes do profissional existe um ser que tem necessidades, metas e defeitos.

Para os que gostam de inventar formas de fazer coisas, pois crêem que assim estão inovando, sugiro ler um livro antigo, chamado Adams Óbvio, que ressalta que a verdadeira inovação está em simplificar e não o inverso.
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