Segurança, Ética e Educação

Uma matéria veiculada no programa de televisão Fantástico no dia 04 de setembro de 2011 mostrou aos milhões de expectadores a facilidade de aquisição de dados de pessoas junto a instituições financeiras e órgãos governamentais. Estes dados, considerados confidenciais deveriam estar sob um esquema de segurança forte e ser acessado por poucas pessoas, e mesmo assim sob intenso controle. Mas o que se verificou na reportagem é que isso não ocorre.

As empresas, em sua avidez por retenção de custos, a cada dia investem menos em segurança da informação. Muitas adotam o perigoso método da terceirização para realizar um atividade que deveria ser desenvolvida internamente e por pessoal altamente especializado. Este tema já foi analisado em um artigo anterior neste blog (clique aqui se desejar lê-lo).

Mas a terceirização e a segurança da informação não são os únicos pontos frágeis na questão. Outro fator crucial são as pessoas. O que está havendo com a sociedade brasileira? Onde estão os valores morais, o respeito à dignidade, a consideração pelas outras pessoas? O que foi passado à esta geração e está sendo aprendido pelos jovens em relação a ser ético, a ter educação e respeito pelo seu semelhante? Ah, quanta falta fazem as chatas aulas de Educação Moral e Cívica, que foram banidas das escolas por serem legado dos militares. O que os militares fizeram pelo país durante o golpe de Estado não traz boas lembranças, mas ao menos instituíram uma maneira de ensinar respeito, de ver os símbolos nacionais não apenas como uma alegoria a ser balançada de um lado para o outro na hora do gol da seleção.

E o que tudo tem a ver com o tema deste texto? Tudo! As empresas são compostas por pessoas, que passaram por este processo de educação, ou pela falta dela, que aprenderam com seus pais e professores a serem éticos, ou não. São estas pessoas que vêem apenas números quando se fala em folha de pagamento ou aposentadoria ou questões relativas a saúde pública, e se esquecem que por trás destes números estão outras pessoas, famílias, vidas. São estas pessoas que não se importam em roubar uma informação de uma empresa para vendê-las a marginais para obter alguns trocados, ou muitos e muitos trocados.

Porém, se esquecem eles que seus familiares, amigos e conhecidos podem estar nestes bancos de dados, e que a Lei da Ação e Reação pode atingi-los.

A sociedade parece estar regredindo a cada dia à Idade Medieval, onde a vida e a dignidade humana praticamente não tem valor, e aos poucos este conjunto de idéias está sendo absorvido pelas empresas que não medem esforços e muitos menos conseqüências para auferir lucros, usando como escudo que "os fins justificam os meio. 

É esta a herança que deixaremos aos nossos filhos? Chegou o momento de pensar sobre o assunto e, principalmente, de fazer-se alguma coisa para corrigir o rumo...


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