Planejamento: O que a Copa do Mundo nos ensinou?

   A Copa do Mundo acabou e infelizmente não fomos nós que ganhamos. Isto todo mundo já sabe. Mas será que podemos tirar alguma boa lição desta Copa? O que os Sulafricanos nos ensinaram e, principalmente, o que podemos aplicar no mundo corporativo?

   Muito se dizia antes da copa sobre a capacidade de organização e da própria realização na África do Sul. Não estive lá para presenciar, mas o que nos chegou foi que eles conseguiram superar seus desafios e mostraram-se ao mundo capazes para tal evento. Obviamente problemas ocorreram tanto a respeito de segurança quanto a transportes e acomodações, mas o mesmo também ocorreu nas últimas Olimpíadas e nas outrar Copas anteriores. O que fica como saldo é a superação, e esta só acontece quando se tem um objetivo, quando se estabelece os meios necessários para atingí-los, quando se fixa tempos para realizá-los e quando se está preparado para vencer obstáculos qua surgem durante o trajeto. E isto tem um nome bem simples: PLANEJAMENTO.

   Em relação ao esporte em si, quais as conclusões que podemos tirar? Vamos pensar em nossa seleção: o tão falado planejamento baseado em renovação foi eficiente? Foi fetia uma troca de antigos jogadores por outros mais jovens, foi estabelecido um cronograma de treinos e viagens e a meta era óbvia. Qual terá sido então o motivo do fiasco deste projeto, assim como os fiascos anteriores nos projetos Medalha de Ouro nas Olimpíadas? A resposta certamente será que esqueceram-se de considerar um fator importante em qualquer projeto: as pessoas e as lideranças.

   Planejar e estabelecer no papel é relativamente fácil, mesmo que trabalhoso pois exige um exercício de concentração, raciocínio e visão futura. O fator humano porém é cricual para que todo esse trabalho não seja perdido. As pessoas envolvidas nas atividades devem estar plenamente conscientes de sua importância em cada etapa, saber exatamente o que cada etapa significa e o que acontecerá nas seguintes. Além disso devem ser competentes o suficiente para realizar suas tarefas individuais sem deixar de pensar no grupo. E quem define tudo isso é o líder, ou gerente, ou dono ou o nome que se quiser dar à pessoa que conduzirá o projeto planejado.

Essa pessoa deve ser capaz provocar um sentimento de união entre os membros da equipe, deve ter conhecimento para poder prever possíveis dificuldades de percurso, deve ser perspicaz para administrar conflitos de personalidades, e o principal deve ser capaz de tomar decisões. Infelizmente no exemplo de nossa seleção parece que faltou essa pessoa, pois o técnico em questão não demonstrou ter estes atributos. Basta compara seu comportamento em campo com o do técnico da Argentina. Alguns podem dizer que eles também não atingiram o objetivo, e é verdade, mas a questão que procuro salientar aqui é a capacidade de Gestão de Pessoas.

   Sun Tzu em seu livro "A arte da guerra" já dizia: "Trate seus soldados como filhos e eles lutarão com você até a morte. Mas, se tratá-los como seus filhos queridos eles morrerão por você!"

   É complicado aplicar esse conceito quando a empresa, e ressalto aqui as multinacionais como exemplo maior, dão importância à competitividade interna. Como ter uma equipe quando se incentiva direta ou indiretamente uma competição entre pessoas que trabalham juntas? Não basta o RH fazer programas de desenvolvimento e alardear políticas quando dentro das áreas a gerência age de modo diferente. Um trabalho de equipe começa de cima, ao contrário do muitos pensam, quando presidentes, diretores, gerentes, coordenadores e supervisores pensam num todo e não apenas em seus domínios. E além disso cuidam de seus subordinados preocupando-se com eles como pessoas, auxiliando-os em seus problemas inclusive pessoais e incentivando o trabalho em equipe.

   Creio que esta pequena reflexão pode nos ampliar o campo de visão quando pensamos em nossas atividades empresariais. As corporações são feitas de pessoas, geridas por pessoas e sobrevivem do relacionamento que têm com outras pessoas de outras corporações. Então qual será o motivo de nos esquecermos disto quando e passamos a tratar as pessoas como objetos, ou como números, ou ainda pior como um "mal necessário" ? Devemos ressaltar e reverenciar o respeito humano no trabalho.

Planejamento: você sabe fazer?

Nos últimos tempos muito se tem falado em planejamento. Seja qual for o assunto, esta palavra é repetida tomada como sendo a solução de todos os problemas. Mas será que o planejamento por si só é capaz de resolver ou evitar transtornos em nosso dia-a-dia?

Seja nas atividades caseiras ou profissionais, seja em âmbito financeiro ou organizacional, ou ainda em relação aos estudos ou carreira, o planejamento é importante para que se obtenha um resultado mais objetivo, claro e, talvez, mais rápido.

O que é planejar? Planejar é, me perdoem os linguistas e professores de português, quase um sinônimo de pensar. Neste caso, é um pensar no futuro. Ao se definir sobre o que vai planejar, você deve pensar em cada uma das etapas a serem seguidas considerando os possíveis problemas ou dificuldades que enfrentará e estipulando os resultados que pretende alcançar. Isso dá trabalho, mesmo que o assunto a ser planejado seja simples. E essa é a principal razão das pessoas não gostarem de fazê-lo. Pensar, para muitos, é cansativo e desnecessário pois é mais tranquilo ir fazendo ajustes na trajetória conforme as situações vão aparecendo, ou melhor, “ir levando com a barriga” como se diz popularmente.

Mas mesmo esse “levar com a barriga” não deixa de ser um planejamento. Por exemplo, ao decidir sair de casa para abastecer seu carro você já sabe em qual posto vai fazê-lo. Mesmo que inconscientemente, estabelece o caminho que fará para chegar lá e dependendo do horário saberá se este caminho terá congestionamento ou outra dificuldade, então decide que se a rota 1 estiver ruim, você seguirá por ruas alternativas. Isto é planejar, sem dor e sem traumas.

Então porque relutamos tanto em planejar nossas finanças pessoais? Em estabelecer nosso plano de desenvolvimento profissional? Fazer uma planejamento familiar? Talvez a resposta esteja na palavra educação. Planejar não faz parte do que aprendemos na escola, não se dá importância a algo que não faz parte da cultura geral do brasileiro. É muito mais importante a música e ouví-la bem alto para incomodar os vizinhos, o futebol que apenas traz despesas pessoas e alegrias momentâneas, as festas e suas bebedeiras, os namoros, enfim tudo o que a população costuma fazer para obter resultados instantâneos. E no ato de planejar estes resultados são futuros, muitas vezes longínquos e isso nã está de acordo com a formação cultural.

Cito alguns exemplos de planejamento que deveriam fazer parte da vida de todas as pessoas, independente de sua faixa econômica: se deve começar a pensar em aposentadoria deste o primeiro emprego; se deve pensar em saúde desde antes de seu filho nascer; se deve pensar em funeral enquanto está vivo; se deve pensar em carreira quando se começa a estudar... e por aí vai.

Cabe a cada um de nós, em nossas vidas pessoais ou nos locais onde trabalhamos começarmos a mudar esta filosofia. Devemos lembrar que uma volta ao mundo começa com o primeiro passo.
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